Tornar-se pai e mãe constitui uma das transições normativas de vida mais estressantes, podendo resultar em crises na interação conjugal e dificultar os cuidados com o bebê. Por isto, intervenções preventivas que visem o ensino de estratégias de enfrentamento saudáveis para manejo do estresse inerente a esta nova situação seriam de grande relevância, a fim minimizar as chances de ocorrência de problemas, como apego inseguro, depressão materna e maus tratos e negligência em relação ao bebê. Este estudo pretende testar um programa psicoeducativo e longitudinal para mães e pais primíparos com início durante a fase gestacional e término após o nascimento do bebê, por meio de visitas domiciliares. Especificamente, serão examinados os efeitos do programa sobre a sensibilidade parental na interação com o bebê, sintomas de estresse do casal, estratégias de enfrentamento ao estresse dos pais e conhecimento sobre as competências sensoriais do bebê. O programa será baseado em quatro pilares: (a) no oferecimento de informações sobre as habilidades sensoriais do bebê e sensibilização dos pais para estimulação destas habilidades, (b) no oferecimento de estratégias para o manejo do estresse após o nascimento do filho e fortalecimento da relação de suporte entre os cônjuge; (c) na sensibilização para o desenvolvimento de habilidades parentais responsivas às necessidades do bebê e (d) no oferecimento de informações sobre os efeitos prejudiciais de maus tratos e negligência para o desenvolvimento do bebê. Um delineamento longitudinal e de caso único será utilizado. Serão convidados a participar oito casais que estejam em sua primeira gestação, no último trimestre da gravidez. A intervenção será feita por meio de oito visitas domiciliares, com orientação por meio de uma cartilha. Medidas observacionais e verbais serão feitas antes e após a intervenção e um ano após a intervenção. Indicadores de processo também serão avaliados, como satisfação com o programa e dose recebida. A longo prazo, espera-se que esta intervenção afete positivamente a qualidade das interações pais-bebê e previna maus tratos e negligência em relação ao bebê.
Apoio: CNPq – Edital de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (Processo 401473/2007-4)
Equipe: Sheila Giardini Murta, Andréia Crispim Rodrigues, Isabela Oliveira Rosa, Silvia Guimarães Paulo e Keila Furtado.